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Serro e a riqueza de memórias nos vilarejos mineiros

“Essas pedras, teus sobrados
São visões que já vivi
Numa história do passado”

Os versos de “Cidade Encantada”, de Milton Nascimento nos levam para um local especial, carregado de emoções, aconchego, paz e tranquilidade. Certamente, esses versos poderiam ser usados para se referir aos vilarejos da cidade de Serro, em Minas Gerais.

Visitar Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras é encontrar a riqueza da vida em meio a simplicidade: ruas de terra batida, casas simples com janela voltada pra rua, animais circulando com liberdade, crianças sendo crianças a brincar na rua, enquanto adultos observam, com calma, o tempo passar diante dos olhos, sentados nas cadeiras na calçada. Ou então, enquanto apreciam mais um pôr do sol ouvindo o barulho da cachoeira…

O fogão de lenha lembra o cheiro da comida feita na casa de vó. O balanço pendurado no galho de uma árvore destrava as memórias felizes de quem aproveitou a infância com muita pureza.

Passar uma tarde, que seja, nesses locais nos faz refletir sobre aquilo que damos valor e o que realmente devemos valorizar. É inevitável não voltar de Serro com o coração mais calmo e puxando o ar pra respirar mais leve.

Por isso, te convido agora a desacelerar, pra conhecer um pouco mais da riqueza desses lugares:

Saiba mais:

Como é a cidade de Serro?

Antes de pegar o poeirão na estrada, rumo ao interior de Serro, numa visita rápida ao centro da cidade é possível compreender o porquê a cidade é conhecida como “a Terra do Queijo”. É lá que são produzidos os famosos Queijos da Canastra, premiados internacionalmente.

No Centro Histórico existe, inclusive, uma cooperativa dos produtores de queijo da região onde você consegue comprar os produtos com um bom custo-benefício.

Outro destaque de lá é Igreja de Santa Rita que, junto com a sua escadaria, formam um cartão postal da cidade. São 57 degraus até a porta da igreja, que tem uma vista panorâmica da cidade, incluindo o Pico do Itambé, um dos pontos mais altos da região.

Na parte inferior, um delicado e bem cuidado jardim de arbustos se transforma num cenário excelente pra um café descompromissado em uma das lanchonetes da praça que deixam suas mesinhas nas calçadas.

Milho Verde

Distante há 25 quilômetros do centro de Serro, está o distrito de Milho Verde. Além de ter sido o local onde nasceu Chica da Silva, outro destaque de lá é a igrejinha de Nossa Senhora do Rosário, que ilustrou o álbum “Caçador de Mim”, de 1981 de Bituca.

Com a Cordilheira do Espinhaço de fundo, ao lado da igrejinha fica um campo com grandiosas árvores que colorem o chão na época do outono e do inverno, quando as flores se desprendem dos galhos e formam um tapete em tons de rosa e amarelo.

O cenário fica completo com os bancos de madeira espaçosos pra sentar e admirar a paisagem.

Milho Verde teve seu auge durante as décadas de 1970 e 1980, quando os “hippies” e demais membros da “sociedade alternativa” migraram para esses vilarejos em busca de uma vida menos agitada. O local também já foi palco da exploração de pedras preciosas, mas hoje vive em função do turismo.

Por lá existem algumas pequenas hospedagens, campings e restaurantes. Aos finais de semana, o agito toma conta do local, com música ao vivo e festas nos bares.

Milho Verde fica cheia, e colorida também, durante a festa de Nossa Senhora do Rosário, que geralmente acontece no último final de semana de setembro.

Se não bastasse toda essa combinação, Milho Verde ainda é guardiã das águas da Cordilheira do Espinhaço e porta de entrada do Monumento Natural Estadual Várzea do Lajeado e Serra do Raio, onde dá pra percorrer algumas trilhas leves, em meio à areia e pedras, que te levam até alguns poços de cachoeira.

Depois de pouco mais de uns 10 minutos de caminhada, se chega até a Cachoeira do Lajeado, que oferece uma vista panorâmica para o trecho da Estrada Real que corta as montanhas ao fundo.

São Gonçalo do Rio das Pedras

O povoado começou a ser formado no século 18 e, entre o calçamento de pedra, casas e igrejas do período colonial, uma jóia escondida no vilarejo, há 1.150 metros de altura, é uma cachoeira bem no centrinho de São Gonçalo do Rio das Pedras.

Para chegar até a Cachoeira do Comércio, basta caminhar pela Rua da Cachoeira até o final. Quando o caminho parecer que chegou ao fim, você irá avistar uma casinha e um moinho d´água à direita. Ai basta procurar um local para se acomodar e ouvir o som da água rompendo o abismo do paredão.

Se possível, tente se programar para o curtir o pôr do sol de lá! Além do espetáculo de cores no céu, os passarinhos em revoada para os ninhos, nas copas das árvores, trazem mais magia para a atmosfera.

De Diamantina até lá são cerca de 35 quilômetros, que leva aproximadamente 1h30 pelas estradas de terra.

Outros distritos de Serro

Serro ainda conta com outros distritos, como o distrito de Deputado Augusto Clementino, Três Barras, Pedro Lessa e algumas comunidades quilombolas também.

O distrito de Deputado Augusto Clementino também é conhecido como a Vila Mato Grosso. Por lá o cenário é de serras, rios e cachoeiras.

O pacato vilarejo se transforma durante a comemoração do Jubileu de Nossa Senhora das Dores, que dura, aproximadamente uma semana. Nesse período, praticamente toda população passa ocupar a pequena vila assistente da singela capelinha da Nossa Senhora das dores, no alto da Serra da Caroula.

Já a Vila de Três Barras fica bem no pé da serra, entre paredões rochosos. São cerca de 400 habitantes, que dividem espaço com cachoeiras e uma única capelinha.

O distrito de Pedro Lessa é reconhecido pelas cachoeiras (entre elas, a Carioca e Moinho de Esteira), pelas pedras e pelos campos rupestres. Seu nome original – Monjolos – lembrava as antigas máquinas de triturar grãos, movidas por água. Em junho acontece a Festa de Santo Antônio, padroeiro da vila.

Por fim, de acordo com a Prefeitura de Serro, são seis quilombos reconhecidos dentro do município: Quilombo do Baú, Quilombo Ausente, Quilombo Vila Nova, Quilombo de Queimadas, Quilombo Fazenda Santa Cruz e o Quilombo de Capivari.

Em muitos desses quilombos, os descentes dos negros africanos que foram escravizados ainda preservam palavras do dialeto próprio e mantém vivas tradições herdadas do continente africano.

Como chegar, onde ficar e onde comer?

O acesso até Serro e os seus dois vilarejos é praticamente impossível se você estiver dependendo de transporte público. Por isso, o ideal é visitar de carro, ou então, através de grupos de excursão de Belo Horizonte para Serro.

No site da prefeitura de Serro existe uma listagem das opções de hospedagem e onde comer, tanto em Milho Verde, quanto em São Gonçalo do Rio das Pedras.

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