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As trilhas musicais que levam para São Thomé das Letras

Depois que o sol se despede pintando o céu de laranja e rosa, mudando o azulado que até então rasgava o céu, a cidade ganha uma nova vida. A mais de 1,4 mil metros de altitude, as montanhas que emolduram o pôr do sol parecem pequenas do alto da Pirâmide, mas ainda assim grandiosas, nos seus diversos tons de verdes, entre as casas que se avistam lá embaixo.

É durante a noite, apesar das baixas temperaturas marcadas nos termômetros de uma das dez cidades mais altas do país, que os visitantes aproveitam para caminhar entre as ruas de pedra e descobrir os encantos de São Thomé das Letras, no sul do estado de Minas Gerais. O barulho do vento que corta as ruas se junta aos diversos acordes dos músicos que se multiplicam em cada esquina.

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Muito além do misticismo que envolve a cidade, da busca do contato com o mundo sobrenatural e das cachoeiras que encantam os turistas, a cidade é um grande show da diversidade musical.

Peruanos, colombianos, uruguaios, mato-grossenses, mineiros, paulistas e músicos vindos de tantos outros lugares fazem da rua o palco para suas apresentações. Com violões já afinados, o repertório é escolhido ali na hora e sempre está sujeito às mudanças quando aparece algum pedido de quem já está sentado no outro lado da calçada somente aguardando o show começar.

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As capas dos instrumentos ficam ali dispostas no chão e, é claro, junto com o chapéu velho que os músicos esperam encher de gorjetas. 3, 2, 1 e o som começa: Na bruma leve das paixões/ Que vêm de dentro/ Tu vens chegando/Pra brincar no meu quintal/No teu cavalo/Peito nu, cabelo ao vento/ E o sol quarando/ Nossas roupas no varal.

Se em uma esquina é o ritmo nordestino de Alceu Valença, nos versos de Anunciação, que distraem quem caminha pelas ruas, alguns passos mais a frente, é possível ouvir uma batida mais acelerada de outro violão velho e cheio de adesivos. Ali jovens vestidos de preto, no estilo do rock, balançam suas cabeças freneticamente enquanto um rapaz dedilha “Geração Coca-Cola”.

Em frente à Praça da Igreja Matriz, entre tantas barraquinhas de artesanato, outro artista de rua se apresenta e faz seu público dançar como se estivesse caminhando entre as nuvens ao som do reggae.

São Thomé é assim: um lugar de convivência natural e pacífica ao respeito às diferenças. O que une quem é da tribo do rock, dos apaixonados por MPB e também dos filosofam as canções de reggae é o amor aquele lugar e o espírito da magia.

Aplausos aos músicos e ao Sol

Nenhum outro lugar recebe tantos músicos na cidade como a Pirâmide. Religiosamente, eles se juntam à multidão de turistas que sobem as pedras para ver a magia do pôr do sol acontecer. Assim como quase tudo naquela cidade é construído em cima de pedras de quartzito (que chegam até a serem exportadas para países da Europa para o revestimento de piscinas e calçadas), com a pirâmide não poderia ser diferente.

Lá se chega a pé e o caminho não dura mais que cinco minutos partindo do Centro. Depois de subir um paredão, as placas indicam para que lado seguir até o topo da Pirâmide. Na planície lá de cima, não é preciso pagar ingresso para o show.

A Pirâmide recebe esse nome pelo seu formato, que lembra as pirâmides do Egito. Não há uma explicação definitiva sobre o porquê da sua construção e seu abandono. A construção está em um dos pontos mais altos da cidade e de lá se tem uma vista panorâmica da cidade.

A cortesia ainda inclui, de camarote, a apresentação de bandas com carrões, violões, flautas e, em dias de sorte, até dançarinas com fitas fazendo movimentos que colorem ainda mais a atmosfera.

É bom chegar cedo, afinal o sol se põe só uma vez por dia e cada espetáculo é único. Antes mesmo de o sol tocar a última montanha que os olhos conseguem enxergar, um cancioneiro entoa dos versos de Canto de Um Povo de Um Lugar, de Caetano Veloso: Todo dia o sol levanta/ E a gente canta/ Ao sol de todo dia/ Fim da tarde a terra cora/ E a gente chora/ Porque finda a tarde.

Os aplausos que ele recebe se juntam ao “agradecimento à natureza” por mais aquele pôr do sol numa tarde quente de verão, como explicou um viajante solitário que não abandona nem a estrada, muito menos a esfera de São Thomé.

De volta à cidade, os bares temáticos de rock já estão cheios. Os grupos de motoqueiros, com suas jaquetas de couro e motos grandes personalizadas, já estão por ali com copos de cerveja na mão ouvindo Guns N´Roses. Mesmo assim, se um “bixo grilo” passa com o violão tocando Bob Marley, eles não hesitam em entregar uma moeda.

Como programar sua viagem para São Thomé das Letras?

São Thomé das Letras é uma cidade com muitos atrativos naturais. Conhecida, principalmente, por suas cachoeiras e o clima místico, a cidade reserva muito além dessas surpresas ao visitante.

Localizada no sul de Minas Gerais, há roteiros para todos os gostos e tipos de visitantes, de acordo com a duração da viagem. Há quem se aventure em conhecer a cidade em apenas um dia, mas a nossa proposta é ficar na cidade durante os três dias da Festa da Colheita, que acontece no mês de agosto, e estender por mais dois dias, para conhecer a cidade como ela é, sem a grande agitação da festa.

Quando ir em São Thomé das Letras?

São Thomé possui diferentes atrativos ao longo do ano. No inverno as temperaturas ficam mais amenas e as cachoeiras mais vazias. Já entre janeiro e março é quando a cachoeira Vale das Borboletas recebe as visitas das borboletas azuis – que deram nome ao local.

No mês de agosto, é que a cidade recebe o maior número de turistas para a Festa da Colheita. Músicos como Alceu Valença, Elba Ramalho, Nando Reis, Titãs e Zé Ramalho dividem o palco com bandas locais de rock e artistas de reggae.

Festa da Colheita de São Thomé das Letras

Se em dias normais São Thomé já é uma ebulição musical, em agosto a cidade ainda fica mais efervescente com a Festa da Colheita e o Festival Nacional da Canção.

Tudo indica que a origem da Festa de Agosto teria surgido em meados do século XIX depois do roubo da imagem do santo padroeiro da cidade. Quando a cidade ganhou uma nova imagem, aconteceu uma grande festa que durou alguns dias. Entre muita dança e comida, teve até missa e, é claro, queijos, doces caseiros, cachaça e vinho.

A data de comemoração não é precisa, mas teria acontecido no último final de semana do mês de agosto. Desse dia em diante passaram, então, a comemorar a Festa de São Thomé, conhecida hoje como Festa de Agosto, ou Festa da Colheita.

A festa cresceu e ganhou espaço no calendário da cidade e recebe, em média, 20 mil pessoas que já assistiram shows de artistas como, Alceu Valença, Elba Ramalho, Nando Reis, Titãs e Zé Ramalho.

Ainda em agosto, acontece o Festival Nacional da Canção, que percorre seis cidades do sul de Minas. Em 2016, o evento recebeu a inscrição de cerca de 3 mil músicas. Artistas de 23 estados brasileiros enviaram suas canções e 100 delas foram selecionadas para as etapas classificatórias. O intuito do Festival é mostrar a grandeza da música popular brasileira.

Como chegar em São Thomé das Letras?

De ônibus, partindo do Terminal Tietê, em São Paulo, às 8h30, o ônibus da Viação Santa Cruz te leva até a cidade de Três Corações. A passagem custa a partir de R$ 75 e há saídas de São Paulo às 8h30, 13h, 16h30 e às 22h30.

De lá ainda é preciso embarcar em um ônibus intermunicipal até chegar na rodoviária de São Thomé. A empresa Viação Coutinho é quem oferece o serviço. De acordo com as paradas, a viagem dura, em média, 1h30. As partidas costumam ser às 6h, 7h, 9h, 11h30, 14h15, 16h30, 17h e às 19h30.

Já para quem vai de carro, o acesso é pela Rodovia Fernão Dias (BR-381) até a cidade de Campanha. De lá o motorista deve pegar a BR-491, até Três Corações e depois seguir pela MG-167, sentido São Bento Abade.

Onde ficar em São Thomé das Letras?

A cidade conta com uma grande variedade de pousadas, todas bem simples, mas com o básico que o viajante precisa, como banheiro dentro do quarto, café da manhã e roupas de cama limpas. As diárias variam de R$ 40 a R$ 220 por pessoa.

Outras opções de acomodação são os hostels e também as casas dos moradores. É muito comum quem vive por lá receber os turistas em casa, ou alugar as suas próprias casas. A média de preço do aluguel de casa segue a tabela das pousadas, com a vantagem de que você pode cozinhar e economizar no almoço e no jantar.

Você pode reservar sua hospedagem por aqui.

Onde comer em São Thomé das Letras?

Os restaurantes são poucos e se concentram na Praça da Igreja Matriz. Além da cozinha mineira, o prato típico de lá é a pizza na pedra. No restaurante O Alquimista ela sai por R$ 80 e o cardápio ainda oferece opções de caldos e saladas.

Quem for ficar hospedado em casas ou hostels, a cidade tem a disposição dois supermercados para as compras.

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Comentário

11 Comments

  1. Que vibe sensacional!!!! Já tinha ouvido falar em São Thomé, mas não fazia ideia das histórias sobrenaturais e nem sobre essa pegada musical. Seu post fez essa cidade entrar na minha lista! Parabéns!

  2. Adoro a sua maneira de escrever. Sempre tive vontade de conhecer mas ainda não conheço. Quero ir em janeiro então pra ver as borboletas azuis. Chega a ficar muito quente essa época? Por ser nas montanhas, imaginei que seria mais friozonho rs.

  3. Que post bacana! Estou com viagem marcada para MG no próximo mês. Pedindo sugestões de lugares para visitar, foi sugerido São Thomé das Letras… Agora pesquisando encontrei esse post. Adorei saber que tem belas cachoeiras, o problemas é que minha viagem é curta e a cidade ficou meio afastada do meu roteiro inicial… Mas sem dúvida já é um destino que ficou aqui na anotado na wishlist!

  4. Eu não sabia disso! Jurava que São Thomé não era tão legal, agora já fiquei super a fim de ir! Quero programar de ir na festa da colheira. Você acha que a hospedagem deve superfaturar muito?

  5. Estive em São Thomé em fevereiro desse ano e gostei muito do misticismo da cidadezinha. Fomos uma semana antes do carnaval e a cidade estava em festa! As cachoeiras lotadas e acabamos não curtindo muito.

  6. Que delicia de lugar para conhecer! Estou programando minha viagem para lá e esse post está me ajudando muito a definir os detalhes. Amei seu modo poético de escrever e amaria assistir o por do sol na pirâmide como você descreveu ♥

  7. Assistir o por do sol e aplaudi-lo é um dos meus programas favoritos da vida… Ainda mais com música, perfeito! Mt legal essa opção em São Thomé das Letras, quero visitar um dia. 🙂 Obrigada pela dica!

  8. Aí que post incrível, tô planejando minha ida para STL esse ano e lendo o post, só fiquei mais encantada.O pôr do sol realmente é fantástico, além do misticismo desse local único.Pirei com essa festa da colheita, não sabia desse fato, mas penso que deve ser incrível ir nas épocas quando a cachoeira Vale das Borboletas recebe as visitas das borboletas azuis.

  9. Tenho bastante curiosidade de conhecer esse lugar. Todos dizem que é super místico e com muitas cachoeiras lindas! Eu não sabia que havia piramide também, novidade pra mim.
    Quantos dias você recomendaria para conhecer as principais cachoeiras?

  10. Bem completo seu post e amei sua experiência com a cidade. Meu nome é Adi Barbosa e sou ADM do PORTAL SÃO THOMÉ, há mais de 12 anos. Recentemente fiz uma publicação sobre o Parque Municipal porque nele estão os principais atrativos de que está na cidade, vejam: https://saothomedasletras.net/parque-municipal-antonio-rosa-em-sao-thome-das-letras/ – Agradeço a oportunidade e aproveito para desejar sucesso em suas atividades, acreditando que voltará em breve. Sejam todos bem-vindos.

  11. Sou suspeita pois embora eu seja paulistana, quando chego em São Thomé tudo muda, meu marido é o primeiro a perceber como minha energia aumenta e como me ilumino naquela/nessa cidade. Eu diria que me sinto em casa…de volta pra casa. Que energia, que natureza, que vibe….que paz imensa.


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