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Os acasos inesquecíveis em uma Florença sem roteiros

Quando comecei a planejar o meu intercâmbio e as viagens que faria aos finais de semana pelos países da Europa, imaginava o quanto o blog poderia crescer em volume de informações e, assim, conquistar um público maior.

Florença entrou na lista por simplesmente ter me encantado com a primeira foto vista no Google. Era aquilo que estava procurando! Via-me naqueles cenários tirando fotos lindas e, como resultado na minha ansiedade de sempre, já tinha até pensado nas roupas que usaria na viagem para ter clicks fantásticos. Imaginava também poses e os likes que viriam no instagram rs.

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Mas só foi chegar que desacelerei. O encanto pelas ruas de umas das cidades mais importantes na época do Renascimento só aumentou.

Verão europeu, ruas lotadas, cheia de turistas asiáticos com suas câmeras no pescoço, sempre atrás de um guia que não demonstrava nenhuma expressão diferente diante de todos aqueles belíssimos monumentos.

Por um momento, cansei só de imaginar a correria e o cansaço para “cumprir” o roteiro turístico.

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Catedral de Florença

Aos poucos, fui reduzindo as minhas “obrigações turísticas” e mantinha apenas o plano de visitar o Duomo da Catedral de Santa Maria Del Fiore. Igreja pela qual, aliás, me apaixonei: nunca tinha visto nenhuma Catedral tão grande é cheia de detalhes já na fachada.

Quando ficamos frente a frente pela primeira vez, nos encaramos e ela me mostrou toda a majestade dos artistas que esculpiram os trabalhos em suas pilastras.

A Catedral de Florença é uma das mais famosas do mundo, começou a ser construída em 1296 e recebeu o título de Patrimônio da Humanidade pela Unesco. A sua fachada é de mármore colorido, mas com predominância do verde e do rosa claro.

Além disso, os portões são de bronze e os mosaicos relembram a vida de Maria. São 153 metros de extensão e mais de 86 metros de altura.

Lá dentro existem pinturas importantíssimas, como a Divina Comédia de Dante e vitrais feitos por artistas italianos como Donatello.

Porém, não sabia que domingo a igreja ficaria fechada por meio período. Quando é que eu poderia imaginar que na Itália, um dos países mais católicos do mundo, uma catedral estaria fechada no período da manhã em dia de missa?!

Frustração maior também foi saber que a visita ao Duomo da igreja só aconteceria no período da tarde, horário em que deveria partir. A construção do Duomo foi feita sem amarrações de ferro ou madeira e, até hoje, surpreende matemáticos e arquitetos.

Me senti péssima! Me culpei pela falta de planejamento. Fiquei triste pelas informações e fotos que não conseguiria ter acesso.

Tentei visitar algumas galerias de obras de arte, mas os preços não eram tão acessíveis para mochileiros e estudantes. Imagine só pra mim que me enquadro nas duas situações: mochileira E estudante?

O meu plano de ter no blog um roteiro de “O que fazer em Florença em dois dias” tinha ido por água abaixo. Mas ai pensei: está cheio de blog por ai que já tem esse conteúdo e muita gente pode encontrar isso com uma simples pesquisa no Google.

Sempre digo que viagem não é como receita de bolo que a gente encontra na internet e é só seguir o modo de preparo. Cada um precisa viver suas próprias experiências e encontrar aquilo que mais lhe agrada.

Lembrei que estava de férias e queria aproveitar a cidade. Afinal de contas, a rotina do intercâmbio em Dublin estava sendo puxada e resolvi dar um tempo pra mim.

Foi ai que, de mochila nas costas, feliz, de bem comigo mesma, fui caminhando até a Piazzale Michelangelo.

Piazzale Michelangelo

O caminho até lá é repleto de surpresas, com ruas estreitas onde é fácil de se avistar lambretas e os antigos modelos do Fiat 500 estacionados na rua.

Distante a cerca de 20 minutos do Centro, o local é como um segredinho da cidade e, para quem vence a escadaria, o presente é uma vista panorâmica da cidade dividida pelo Rio Arno.

Lá de cima, o tom terracota e marrom das casinhas que se espalham pelo horizonte se tornam insignificantes diante da majestade da construção da Catedral que se destaca, mesmo vista de longe.

 

Também é possível avistar a torre do Pallazo Vecchio e a ponte que leva o mesmo nome. A famosa Ponte Vecchio foi a única da cidade poupada nos bombardeios da Segunda Guerra Mundial e hoje é repleta de lojas de joias.

Diferentemente do vai-e-vem que se vê no Centro, o clima na Piazzale é de contemplação e sossego. Passei algumas horas sentada na escadaria tentando identificar alguns pontos pelos quais tinha passado e também sentindo a brisa refrescar o calor daquela manhã de sol quente.

Para os turistas, o local possui com alguns restaurantes com mesinhas ao ar livre e barraquinhas de souvenirs.

Um bom combinado para quem irá visitar a Piazzale é uma paradinha no The Rose Garden, que fica uma entrada antes à esquerda. O jardim conta com 350 tipos de flores e foi criado em 1865.

Gastronomia

 

Talvez outra coisa que posso falar de Florença é sobre a gastronomia: não digo no sentido de comer nos melhores e mais requisitados restaurantes, nem em pratos elaborados e etc. Falo no sentido de que cada cantinho, restaurante de rua mesmo, tem um tempero único, com massas tão macias que dissolvem na boca na primeira garfada!

Cremes e molhos com toques originais e diferenciados de tudo o que já tinha provado. Peço mais uma vez desculpas a minha tia, mas a melhor lasanha do mundo não é mais a dela, e sim, as preparadas nas cantinas italianas.

Outra parada obrigatória para quem deseja apreciar a comida italiana e também fazer compras é o Mercado Central de Florença. Ele fica pertinho da Basílica de São Lourenço e, no térreo, são comercializadas especiarias. Já no primeiro andar existe uma praça de alimentação com vários restaurantes.

Carrossel de Florença

Sem roteiro a nenhum a seguir, só na espera de um trem que partiria as 16h, me perdi pelas ruas de Florença! E foi assim que fiquei famosa em um restaurante ao descobrirem que era brasileira, que passei um bom tempo vendo barraquinhas de lembrancinhas e comprando presente pra família toda, que parei para ver as brincadeiras de um palhaço na rua com uma criança e que também “descobri” um carrossel instalado na Piazza della Republica.

Depois de avistá-lo, lembrei de já ter visto algumas fotos no instagram e aproveitei para fazer uns cliques descompromissados.

Sentei embaixo de um monumento para ficar vendo melhor as crianças se divertindo, com um pinguinho de inveja, e comecei a organizar os pensamentos para esse texto. Na parte de cima do carrossel, algumas pinturas retratavam os cartões postais da cidade e uma música clássica acompanhava o brinquedo também.

As meninas, que antes aguardavam a sua vez na fila, entraram correndo depois da autorização da monitora e logo escolheram o cavalinho que iriam sentar. Todas apostas, o brinquedo começa a girar e as mães disparam seus flashes e pedem para as meninas acenarem e sorrirem pra foto.

O calor apertou e o sol quente na cabeça fez com que eu procurasse uma sombra. Depois de tomar um gellato com a tradicional casquinha de avelã (que nem me lembro dos sabores que escolhi de tão maravilhada que estava com o gosto daquilo), achei que esse texto se encaminharia para o final, já que era quase hora de partir.

A história de Pinóquio e Florença

Porém, enquanto terminava o gellato sentada em uma rua larga, próxima da Catedral, eis que um ciclista com uma bicicleta carregada com uma parafernalha parou ao meu lado. Observei que ele trazia uma bateria musical ali acoplada.

Por fim, um fantoche do boneco Pinóquio foi amarrado ao prato da bateria para que ele ganhasse vida à cada movimento da música. A escolha do boneco não foi ao acaso, já que o autor da história, conhecido pelo pseudônimo de Carlo Collodi, nasceu no ano de 1826 na cidade. Resultado disso são inúmeros chaveiros, lápis e tantas outras réplicas do menino mentiroso pela cidade.

O calçadão estava cheio, mas além de mim, apenas um casal do outro lado observava o trabalho daquele artista que, lentamente, montava seus instrumentos. Algumas pessoas com mapa na mão paravam e tiraram fotos antes mesmo do músico começar a apresentar o seu trabalho.

Como eu estava sentada bem atrás dele, minha foto tomando sorvete (cena pra quem já viu, sabe que não é uma das mais bonitas) deve ter rodado o mundo.

Fiquei ali, pensando no destino, nos acasos e ouvindo um pouco o som enquanto esperava o horário de ir embora… Antes porém, dei mais uma passadinha na Catedral e pensei: ainda volto aqui pra ver como você é por dentro, viu?

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Comentário

10 Comments

  1. Tenho a impressão que, ao se falar de Florença, podemos voltar mil vezes e sempre será a primeira vez. Cada ruazinha, cada esquina, cada restaurante e ponto turístico tem um charme único! Adorei o relato!! Realmente se perder por lá é o melhor a se fazer ao invés de se jogar na correria do pacote turistão. Tem segredos que só descobrimos quando paramos para realmente olhar e sentir o lugar.

  2. Adorei como vc expos sua experiencia! Realmente, nao ter roteiro as vezes nos traz essas surpresas (de acabar perdendo algo que gostariamos) … mas tbm pode ser gostoso e libertador!

  3. Que sonho, Mai 🙂 Eu também sou dessas que vê uma foto, fica tão encantada, que já precisa ir pra tal lugar. A Itália me faz lembrar muito minha mãe e acho esses posts especiais demais.

  4. Que delícia este post Maiara! Nada como se deslumbrar com um novo destino e ainda melhor, de um modo menos acelerado. Adoro conhecer novos lugares assim, de um jeito leve e em muitos tenho o mesmo desejo que você: voltar mais uma vez.

  5. Amei o relato…. me fez viajar junto com você por Florença de um jeito super especial….

  6. Eu amei conhecer Florença. Passei 5 dias na cidade. Quis aproveitar ao máximo esse lugar que sempre sonhei em estar. Sou apaixonado por arte, história, museus e igrejas. Melhor lugar no mundo onde tudo isso está reunido nas ruas e de forma privada não há. Foi bom demais rever lugares tão especiais por aqui.

  7. Que delícia de expeiencia, sair sem rumo pela cidade as vezes é muio bom né! Eu sou muitoooo progamada com as coisas, programo minha viagem de uma forma que parece que ja fui la umas 5 vezes, na gosto de perder nenhum detalhe e gosto de procurar coisas que os locais fazem também. Mas um dia quero me aventurar a ir sem programação também, na fé!
    bjão

  8. Sair andando sem destino deve ser tudo de bom, mas todas as minhas viagens tem pelo menos um pequeno planejamento, mesmo que seja apenas um roteiro básico. É mais forte que eu rs.

  9. Amei seu blog e seus comentários perfeitos. Estive em Florença apenas por um dia e fiquei encantado com a cidade. Uma amiga brasileira, Malu Magalhães que mora numa cidade vizinha foi nossa guia das 10 da manhã as 18 hs. Estávamos vindo de Roma, minha amiga Sheila Brandão que mora em NYC e eu. Viajamos duas semanas pela Alemanha (Frankfurt, Sttugart). Adorei a comida no Mercado,os monumentos , o povo. Só não visitei a praça Michelangelo.
    Pretendo voltar, afinal tem minha amiga que não a via por mais de vinte anos.
    Um grande abraço!


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