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Nem a vida, nem as viagens são feitas de roteiros

Quem me conhece, sabe do perigo de soltar qualquer ideia de passeio próximo de mim: “E se a gente marcasse de ir pro Rio de Janeiro?”

Eu já vou logo pegar o calendário para contar as minhas folgas e feriados na tentativa de marcar uma data. Coto com as pousadas, busco o que fazer na cidade e coisas assim, por mais que ninguém, além de mim, esteja levando a sério a ideia.

Talvez seja preocupação em querer aproveitar ao máximo minhas folgas. Talvez seja excesso de ansiedade mesmo.

Mas, quando o assunto é viagem, a minha preocupação com o roteiro para por ai. Não sou do tipo que programa o que fazer de manhã-tarde-noite no destino que estou visitando. Tenho uma amiga que marca no roteiro até mesmo o horário do almoço, o restaurante e o prato que vai pedir!

♫ Eu deixo acontecer na-tu-ral-men-te, eu não quero ver você… ♫ PARA, MAIARA! Brincadeiras à parte, talvez seja coisa do meu espírito aventureiro mesmo.

Gosto mesmo é de me virar sozinha, ouvir a sugestão de um nativo, descobrir aquele lugarzinho que ninguém tinha ouvido falar e estava vazio só pra mim. Assim, vou acrescentando uma parada aqui e um outro destino acolá.

Isso não quer dizer que sou aventureira ao ponto de ir para alguma cidade sem o mínimo de informação possível, sobre o clima e a história, por exemplo. Jornalista que sou, gosto de ir bem informada sobre a cultura do local, tenho uma noção básica daquilo que se destaca em cada lugar e o que é imperdível.

Já cheguei até (quase) brigar com um “guia” que queria me empurrar um passeio furado por antigas minas de ouro em Ouro Preto e estava prestes a enganar um grupo de senhoras na Praça Tiradentes.

Como já tinha lido tudo sobre os passeios na mina e escolhido qual seria melhor pra mim, me intrometi na conversa ao ouvir os preços abusivos e comecei a ajudar as aposentadas perdidas. Elas ficaram super felizes com as minhas indicações – pena que não posso dizer o mesmo da reação do “guia”.

Mas nada de me prender aos horários: se gostei daquela igrejinha que disseram que nem valia a pena conhecer, fico ali horas. Se não gostei daquela atração super concorrida com fila de três horas para visitar, caio fora. Foi assim em Florença, na Itália: joguei para o alto o meu roteiro e passei horas observando a cidade lá do alto da Piazzale Michelangelo.

No meu mochilão pelas Cidades Históricas de Minas, ao embarcar, não sabia nem como iria de Ouro Preto para Tiradentes de ônibus.

Conheci uma pessoa que comentou uma história de amor urbana que não estava na minha pesquisa e lá fui eu atrás da ponte do casal apaixonado em Ouro Preto.

Passei horas andando pelas lojinhas de artesanato, todos os dias, que poderiam ter sido visitadas em um único dia pela manhã.

Foi assim também em Curitiba, com meus pais. Era dentro do Uber, na conversa com o motorista e com o mapa na mão, que decidíamos a próxima parada. “O que está mais próximo e o que você acha que vale mais? O Parque Tanguá ou ir almoçar em Santa Felicidade?” “O que, vocês ainda não foram na Unilivre ainda? Vou levar vocês pra lá agora!”

Na primeira vez que fui ao Rio com calma, depois de um bate-e-volta na infância de carro, também foi mais ou menos assim: tinha uma noção daquilo que queria visitar e meu roteiro passava longe do circuito turístico Corcovado-Pão de Açúcar-Copacabana.

Parque Lage era um destino que eu desejava conhecer de cara. Depois, saiu no roteiro. Mas quando estava a caminho para o Jardim Botânico e vi que ele estava ali pertinho, não teve como resistir.

Meus amigos cariocas também me surpreenderam ao me mostrar cantinhos da cidade que, talvez, muita gente nunca tenha ouvido falar. Para se ter uma ideia, conheci uma confeitaria mais antiga que a Colombo.

Entrei num prédio do Centro só para ver uma pintura portuguesa na parede e ainda soube da vida de uma vendedora numa barraca de praia. Isso tudo sem contar o papo com um cara que trabalha com drones e fazia imagens na Pedra do Pontal.

Até mesmo na Chapada dos Veadeiros, em que eu estava com guia por agência de turismo, dei meu jeito de quebrar o roteiro! A melhor trilha de todas, aliás, não estava no pacote vendido pela empresa.

Logo no primeiro dia na Vila de São Jorge, eu e mais dois aventureiros, resolvemos que queríamos ir até o Mirante da Janela.

À contragosto dos guias e dos moradores, que diziam que não era uma época boa, que estava muito quente e que a trilha era pesada. Encontramos um guia pra lá de especial que nos levou no final da tarde e o resultado foi incrível: estar entre o pôr do sol e as estrelas no Cerrado.

Durante a semana, quebramos o protocolo de novo. Trocamos a trilha até a Almécegas porque queríamos conhecer o complexo de Cachoeiras de Macaquinhos. (Fica aqui a dica: se possível, visite Macaquinhos, ok?)

Quando é que eu poderia imaginar tudo isso?

Sei que cada um tem seu jeito de viajar, mas digo isso tudo para que não haja frustrações quando o destino não segue à risca seus planos. A frase “as melhores coisas acontecem quando a gente menos espera” também pode ser aplicada quando falamos de viagens e eu sou prova disso. Mas isso é assunto para outro texto, que, quem sabe um dia eu possa compartilhar com vocês.

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1 Comment

  1. Gostei da sua proposta. Nem sempre conseguimos conhecer cantinhos especiais sem uma indicação. Obrigada Abraços


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