Do outro lado da Baía de Guanabara, os contornos do Rio de Janeiro se confundem com a linha do horizonte. A vida acontece em passos mais desacelerados. Dizem também que a violência não chegou por lá. Em vez de trem, metrô e trânsito, bicicletas e charretes funcionam como meio de transporte para percorrer as ruas de terra.
As lendas e curiosidades que permeiam a história de Paquetá colocaram a ilha como destino turístico (ainda pouco visitado), mas que garante diversas descobertas, como um cemitério de pássaros. Cenário que serviu de inspiração para o romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, o lugar ainda mantém os ares dos séculos XIX e XX.
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Como chegar em Paquetá?
Chegar até lá é como uma volta no tempo. A balsa que sai da Praça XV, no Centro do Rio, faz o teletransporte vagarosamente até lá sobre as águas. O trajeto dura cerca de 1 hora e custa R$ 6,30. É preciso ficar de olho nos horários das embarcações para garantir a volta.
Dentro da balsa, vendedores se misturam com passageiros e vendem de tudo um pouco: biscoitos, balas, salgadinhos e geladinhos.
Desembarque feito, é hora de se perder pela Ilha de Paquetá. O melhor jeito de se encontrar com a história e o estilo de vida dos moradores é alugando uma bicicleta. Na rua de frente porto há comércios especializados nisso: R$ 5 a hora. Outra opção é conhecer a ilha na companhia de guias que oferecem o passeio em bicicletas duplas.
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O que visitar em Paquetá?
De bicicleta ou pé é muito fácil se locomover pela Ilha de Paquetá e encontrar seus principais pontos turísticos. A ilha é bem sinalizada com placas que indicam os seus atrativos, que reúnem pedras, mirantes, praias, parques, igrejas e o curioso cemitério dos pássaros.
Casa da Moreninha
Em 1843, Joaquim Manuel de Macedo escreveu o romance “A Moreninha”, que é considerado o marco de início do movimento romantista da literatura brasileira. O livro tornou-se um clássico e, desde então, começaram-se suposições de que a ilha teria inspirando o romance.
Alguns ainda acreditam que a história retratada nas páginas do livro foi real. Outros afirmam que o romance teria sido escrito quando Joaquim Manuel Macedo esteve hospedado em uma pensão em Paquetá. Outros boatos falam ainda que a história poderia ter sido inspirada em alguma moça que morou na ilha.
Entre suposições e boatos, o fato é que a casa cor de rosa ganhou a fama de ter sido retratada da história e tornou-se ponto de visitação. A Casa da Moreninha é uma propriedade particular, portanto é possível observar o jardim e a sua fachada somente do lado de fora.
Cemitério dos Pássaros
A sombra das árvores e o silêncio da rua trazem ainda mais paz para as aves enterradas no cemitério dos pássaros. Os túmulos são feitos de pedra e lápides poéticas estão escritas na parede, com trechos de “Canção do Exílio” e “Passaredo”.
O lugar é o único cemitério de pássaros do Brasil. O Cemitério dos Pássaros foi criado por dois artistas nascidos em Paquetá: Pedro Bruno e Augusto Silva. Já são mais de 25 jazigos, onde repousam pombos, periquitos, trinca-ferros, canários, calopsitas e um papagaio.
Pedra da Moreninha
O mirante foi imortalizado no romance A Moreninha e fica no final da praia que também recebeu o nome de A Moreninha. Era no alto da pedra que a Carolina, a personagem principal da história de Moreninha, aguardava a chegada de Augusto, que vinha a remo da cidade.
O acesso pode ser feito por uma escada e pela ponte de madeira. De lá se avista toda a orla da Ilha de Paquetá e também a Baía de Guanabara.
Árvore Maria Gorda
Há mais de 100 anos, na Praia dos Tamoios, um baobá com mais de 7 metros de circunferência, carrega uma placa próximo do tronco, assinado pela própria espécie, que diz: “Sorte por longo prazo a quem me beija e respeita. Mas sete anos de atraso a cada maldade a mim feita.”
A árvore, de origem africana, é protegida por lei e pode comportar até 120 mil litros d´água dentro do seu tronco. A história diz que o baobá recebeu este nome em referência a escrava Maria Apolinária da Nação Cabinda, que também era conhecida como Maria Gorda.
Maria trabalhava na casa de um rico comerciante português que morava na Ilha de Paquetá e que tinha muitos escravos, mas ela não se conformava com a escravidão.
A negra dizia que marcaria essa história e que, quando morresse, pediria aos seus orixás para que providenciassem uma forma de deixar enraizado na ilha a lembrança da África.
E assim teria acontecido: no dia em que a rede da senzala onde Maria Gorda amanheceu vazia, surgiu um arbusto do baobá, que nunca existiria anteriormente em Paquetá. Desde então, Maria Gorda nunca mais foi vista e dizem que ela cumpriu o que dizia, ficando raízes africanas na ilha no dia de sua morte.
Pedra dos Namorados

Na beira da Praia José Bonifácio, várias pedrinhas pequenas são avistadas no topo de uma grande pedra cravada na areia e acalentada pelo mar.
O motivo é a lenda que permeia o lugar e diz que, quem jogar três pedrinhas em direção ao topo da pedra maior, de costas, e, pelo menos uma delas não cair no mar, terá sorte e correspondência no amor.
Ponte da Saudade

O livro “Lendas de Paquetá”, de Marcelo Augusto Limoeiro Cardoso, retrata uma das explicações para o nome de um dos cenários mais belos de Paquetá: a Ponte da Saudade. Ali teria sido cenário de oração diária do escravo João Saudade para reencontrar sua esposa e seu filho.
Tudo aconteceu no tempo que Paquetá servia de desembarque para os escravos. Um deles que chegou até a ilha, João Saudade, sofria de tristeza por estar longe de Januária, sua esposa, e seu filho, Loreano que, na época da separação com o pai, tinha apenas dois anos.
Os anos se passaram e João rezava para reencontrá-los. Em suas orações, pediu à Iemanjá que lhe trouxesse seus amores, assim como tinha lhe trazido por aquelas águas. Todas as noites, após o trabalho, ele conversava com a lua e com as estrelas, na esperança de ver a sua família chegar por aquela ponte. Depois de molhar os pés cansados, voltava para as tristezas da senzala.
Conhecido como a “encarnação da saudade”, certo dia João não voltou mais. Os escravos na senzala tentaram lhe encontrar, mas foi em vão. Na noite anterior do sumiço de João, conta-se que um clarão rasgou o céu e uma nova estrela surgiu na escuridão.
Ninguém, jamais, soube explicar o que aconteceu a João Saudade desde que desapareceu misteriosamente. Acredita-se, porém, que Iemanjá lhe buscou para por fim ao seu sofrimento.
O cais passou a ser chamado de “Ponte da Saudade” e se transformou em local de reza e ritual dos negros, com esperança que, um dia, também fossem libertados pelas estrelas.
Parque Darke de Mattos
No final da praia José Bonifácio fica a entrada para o Parque Darke de Mattos que recebeu este nome, muito provavelmente, em razão ao nome do último proprietário do local. O parque está em uma área onde antes funcionava uma fábrica de tecidos e ali também teria funcionado um engenho de arroz.
No alto do Morro da Cruz, o parque abriga um mirante – um dos mais bonitos da ilha – que avista o Rio de Janeiro do outro lado da orla da Baía de Guanabara. No espaço existem trilhas para caminhada, jardins com ares românticos, brinquedos para crianças e macaquinhos correm soltos entre as árvores.
No parque não é permitido entrar de bicicleta, porém, logo na entrada, ao lado direito, existem suporte para deixá-las encostadas.
Capela de São Roque e Paróquia Senhor Bom Jesus do Monte
A Ilha de Paquetá tem duas igrejas católicas, além de templos evangélicos. Uma delas é a capela de São Roque, que já foi usada até como necrotério, mas hoje abriga obras do artista Pedro Bruno.
O espaço fica aberto aos domingos para a missa, às 8h30.
Já a Igreja Matriz de Paquetá fica na Praia dos Tamoios e é dedicada a Bom Jesus do Monte. Ela foi erguida em 1763. No início do século passado, porém, o espaço passou por uma grande reforma, mas manteve o estilo neogótico.
No lado de fora, ao lado direito do jardim, ainda existe uma capela dedicada à Nossa Senhora de Lourdes. O horário para a visitação é das 7h às 17h de domingo à domingo.
Onde comer em Paquetá?
A estrutura da ilha conta com hotéis e pousadas para quem deseja pernoitar por lá e aproveitar com mais calma o ambiente. Assim como a rede hoteleira está bem estruturada em Paquetá, o visitante também encontra diversas opções de restaurantes, lanchonetes e supermercados por lá. Você pode conferir algumas opções aqui.
Praias de Paquetá
Em um passeio de um dia pela Ilha de Paquetá é possível conhecer os seus principais pontos turísticos e também aproveitar as praias. Quanto a qualidade da água, porém, existem dúvidas, já que a Baía de Guanabara constantemente está poluída.
Na dúvida de banhar-se ou não, aproveite para relaxar de frente para o mar. O blog Além da Curva reuniu informações detalhadas sobre cada uma delas.
1 Comment
Fui sana passada,péssimo dia carnaval na cidade mês março.Loucura,cidade cheia e a volta p casa pior ainda,fila quilômetrica desde 16:30 na fila p tentar entrar na de 18:30.Voltarei em dia normal