São José do Barreiro poderia ser mais uma cidade histórica, no eixo SP x RJ, do Vale do Café se não fosse por um detalhe que me levou até lá: uma agência de ecoturismo da cidade opera os roteiros, nada mais, nada menos, do que levando os visitantes em um FUSCA!
“Fusca lover” que sou, resolvi incluir a visita na cidade durante a minha folga de Natal, em 2023, apenas para poder andar naquela belezinha e ouvir o barulho inconfundível que só o motor do fusca tem.
Como chegar em São José do Barreiro?
A cidade fica próxima da Rodovia Presidente Dutra e, pra quem vai de carro, a estrada que passa por Areias é bem asfaltada e sinalizada. O trajeto, partindo de SP, leva cerca de 3h30, ou 278 km. Já para quem vem do Rio de Janeiro são 206, ou 3h de viagem.
Para quem pretende visitar a cidade de ônibus, partindo de São Paulo, vai ser preciso fazer um pinga-pinga. O primeiro trecho deve ser feito até a cidade de Guaratinguetá. As empresas Pássaro Marron e Viação Cometa operam o trajeto.
De lá preciso embarcar em outro ônibus, da Pássaro Marron, com destino a São José do Barreiro. Se atente aos horários, de acordo com os dias da semana, pois as viagens são escassas!
Quantos dias ficar em São José do Barreiro?
São José do Barreiro é uma daquelas cidades para desacelerar, sentar no banco da praça e observar a paisagem… Apesar disso, para quem tem pouco tempo e o foco é conhecer as belezas históricas e naturais da região, 2 a 3 dias inteiros são suficientes para desbravar a pequena cidade de pouco mais de 4 mil habitantes!
O que fazer em São José do Barreiro?
Aos pés da Serra da Bocaina, que do tupi significa “lugar onde há fontes de água”, o que não faltam são opções de cachoeira na cidade.
No primeiro dia visitei a Cachoeira da Usina pela manhã que, como o próprio nome diz, aquelas águas abasteciam uma antiga usina hidrelétrica responsável pelo fornecimento de energia da cidade. Depois, ainda no período da manhã, fui até a Fazenda Pau d´Alho.
A Fazenda foi construída em 1817 e se destacou pelo beneficiamento do café. O cafezal, de propriedade de João Ferreira, recebeu a visita de Dom Pedro I durante a viagem em que proclamaria a independência do Brasil.
A senzala se destaca na propriedade, pelo tamanho, pela localização no alto do terreno e por ser fresca e arejada, para preservar os escravos mais valiosos de doenças respiratórias. Além da senzala, estão preservados o moinho, a roda d´água e a casa grande.
No auge da produção de café na fazenda, eram beneficiados cerca de 90 toneladas do grão. E, de acordo com o inventário do proprietário, eram mais de 300 escravos. Ou seja, cada escravo era responsável por cuidar, aproximadamente, de mil pés de café!
Antes do almoço, deu tempo de mais uma parada para banho. Dessa vez, na Cachoeira da Mata, que fica no bairro do Formoso, distante uns 10 km do centro de São José do Barreiro.
Para chegar até ela, existe uma pequena e leve trilha. Apesar das águas geladas, o poço é mais espaçoso para nadar do que a Cachoeira da Usina.
O almoço, na volta, foi no Pesqueiro São José. O local serve almoço e porções aos finais de semana, num espaço simples e aconchegante, em meio à natureza e na beira dos lagos pra descanso.
Já no segundo dia, aproveitei para visitar o Parque Nacional da Serra da Bocaina. O local é conhecido como “paraíso do trekking”, por conta das diversas opções de trilhas que oferece.
No caminho, até a entrada do parque, a estrada conta com vários mirantes que merecem uma parada para contemplar a vista.
Uma das mais famosas é a Trilha do Ouro, uma travessia que dura de três a quatro dias, acompanhando o percurso do Rio mambuca.
No caminho, até o litoral fluminense, ainda está preservado parte do calçamento histórico utilizado pelas tropas responsáveis pelo escoamento do ouro, extraído em Minas Gerais, até o porto para embarque para a Europa.
Outra opção de passeio, de um dia, é a visita até a Cachoeira de Santo Isidro – cartão postal de São José do Barreiro. A trilha, da portaria do parque até o poço, tem aproximadamente 2km e leva cerca de 30 minutos para ser percorrida.
O caminho é considerado fácil, inclusive sendo percorrida por crianças. Na descida, alguns degraus foram instalados pra facilitar o trajeto.
A queda d´água impressiona pela altura: são 70 metros de água trincante até um amplo poço para os corajosos, que não se importam com a água congelante, nadar!
Depois de visitar a Cachoeira de Santo Isidro, o almoço foi na casa do Seu Tião e da Dona Wanda. O cardápio é a melhor comida de roça, feita no fogão de lenha que você pode provar!
Não deixe de experimentar também o tradicional doce de abóbora e o queijo que são produzidos na propriedade. Mas atenção: é preciso agendar antes, através das agências de turismo da cidade.
Pra encerrar o dia, o final da tarde foi na rampa de voo livre da cidade, de onde dá pra avistar três estados da região sudeste: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Muitos atletas se aventuram nos saltos de voo livre e parapente, partindo de lá, há 1850 metros de altitude!
Onde comer e onde ficar em São José do Barreiro?
Além de opções de hospedagem e restaurantes no Centro Histórico, os bairros mais afastados de São José do Barreiro também contam com estrutura para os visitantes com foco em relaxar e para aqueles que querem se conectar com a natureza, de verdade!
Apesar disso, as opções no centrinho são mais viáveis para quem está chegando na cidade pela primeira vez e sem carro, por exemplo. Isso facilita os deslocamentos até as cachoeiras.
A cidade é pacata e segura e, portando, deixe de lado a sua preocupação com assaltos e outros crimes, caso precise se locomover a noite sozinho. Em frente a Praça da Igreja fica o Mavic Biscoitos, ótimo local para tomar um café, e o Rancho Armazém, que serve porções, pratos e opções de bebidas no restaurante. Em ambos os locais é possível também comprar lembranças e produtos típicos da região para presentear.
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